Transferir um embrião geneticamente analisado é sempre a melhor opção?

Se olharmos apenas para as estatísticas de forma “fria”, pode parecer fácil pensar que transferir embriões geneticamente analisados seja sempre a melhor escolha, não é? Afinal, muitas vezes nos deparamos com informações de que a taxa de sucesso com embriões que passaram por esse exame é maior. Mas e se eu te disser que o raciocínio não é tão simples assim?

Nem todos os casais podem precisar realizar o estudo genético, e a resposta está nos detalhes de cada caso. Vamos entender melhor?

A análise genética dá mais chances para o embrião implantar?

Algo que eu sempre gosto de lembrar é que todos nós já fomos embriões! Passamos pelos estágios de D2, D3, até chegarmos a blastocisto e implantarmos no útero. E nós, que nascemos por gestação espontânea, não passamos pela análise genética… Isso nos permite entender melhor o fato de que o potencial de um embrião é algo que ele já carrega dentro de si, desde o início, e depende da sua carga genética e da sua maquinaria celular.

Então por que ouvimos falar sobre as taxas com embriões em blastocisto e com embriões analisados geneticamente? Porque eles estão em estágios mais avançados, e quanto mais avançado o estágio do embrião, mais informações ele já nos forneceu sobre seu potencial. Um embrião que chegou a blastocisto demonstrou um pouco mais do seu potencial de desenvolvimento em comparação a um embrião em estágio de clivagem (D2/D3). Mas este fato isolado nos permite dizer que o embrião mais avançado ou o analisado geneticamente é obrigatoriamente melhor? Não necessariamente!

Então, quando a análise genética pode fazer sentido?

A análise genética, por si, não melhora a qualidade do embrião, mas pode ser uma ferramenta importante para nos ajudar a selecionar melhor aqueles que têm mais chances de implantar. Ou seja, pode reduzir o número de tentativas necessárias para uma gestação.

Por isso, a decisão de fazer ou não a análise precisa ser feita com muito cuidado, levando em conta fatores como:

  • A idade da paciente que forneceu o óvulo;
  • Histórico de doenças genéticas pessoais ou familiares;
  • Histórico de abortos anteriores;
  • A quantidade de embriões disponíveis e sua qualidade;
  • O histórico de tratamentos anteriores;
  • As preferências do casal;
  • A questão financeira, dentre outros.

Então, como podemos perceber, não existe um caminho único e certo para todo mundo. Cada caso deve ser analisado com cuidado, e as possibilidades, suas vantagens e desvantagens, devem ser apresentadas à paciente/ao casal para que as decisões sejam tomadas em conjunto. Porque o mais importante vai ser sempre entender o que faz mais sentido para você e para sua jornada!

Quer entender mais sobre esse tema? Gravei um vídeo explicando com mais detalhes! Clique aqui para assistir.


Glossário:

  • Embrião D3: Embrião no terceiro dia de desenvolvimento, geralmente contendo entre 6 a 8 células.
  • Blastocisto: Estágio mais avançado do embrião, geralmente atingido do quinto ao sétimo dia de desenvolvimento, com organização celular mais complexa.
  • Análise Genética de Embriões: Teste que avalia a carga genética do embrião antes da transferência para detectar alterações.
  • Implantação: Processo em que o embrião se fixa na parede do útero para dar início à gestação.

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