No universo dos tratamentos de reprodução assistida, podemos nos deparar com alguns termos que podem gerar dúvidas. Um destes termos, que talvez você já tenha ouvido falar, é a mini FIV. Mas você sabe o que exatamente é a mini FIV e como ela difere da FIV convencional? Vamos entender melhor no artigo de hoje!
O que é mini FIV?
O termo mini FIV normalmente é utilizado para se referir a uma variação do tratamento de fertilização in vitro tradicional, na questão da estimulação ovariana. Geralmente, quando utilizado, ele faz referência a um protocolo de estimulação que, em termos técnicos, chamamos de “mild stimulation”, que em tradução livre significaria estimulação leve.
Ao contrário da FIV convencional, que utiliza doses altas de medicamentos hormonais para tentar estimular a obtenção de múltiplos óvulos, a mini FIV emprega doses menores de hormônios, geralmente associando medicações via oral a injeções em doses mais baixas, principalmente no início do tratamento.
Como funciona esse tratamento?
O processo da mini FIV é semelhante ao da FIV convencional, visto que o maior fator de diferença é a forma como buscamos estimular o ovário. O primeiro passo do tratamento é a estimulação ovariana, feita com medicamentos hormonais em doses menores, porém geralmente com a duração de uso semelhante à da FIV convencional (em torno de 10-12 dias de estimulação).
A paciente passa por acompanhamentos regulares da resposta ovariana, através de ultrassons, podendo ou não serem realizados exames de sangue para auxiliar nesta monitorização. Quando os folículos atingem o tamanho adequado, é feita a coleta dos óvulos em um procedimento conhecido como aspiração folicular.
Os óvulos coletados são fertilizados em laboratório com os espermatozoides do parceiro ou doador. Os embriões resultantes são cultivados por alguns dias e, posteriormente, podem ser já transferidos ao útero da paciente ou congelados para uso futuro, a depender da programação individual do tratamento.
Para quem é indicada?
A mini FIV é uma estratégia que deve ser discutida individualmente após avaliação detalhada do caso, e orientação das possíveis vantagens e desvantagens de optar por esta estratégia. Normalmente, ela é discutida para pacientes com baixa reserva ovariana onde haja também histórico de má resposta (captação de número restrito de óvulos) em ciclo anterior. Isso porque, cientificamente, diversos estudos evidenciam que para pacientes classificadas como potenciais “más-respondedoras”, estimular com doses maiores ou menores de hormônios não parece impactar no desfecho final de óvulos obtidos.
Em casos pontuais, esta estratégia também pode ser discutida para mulheres mais jovens com boa reserva ovariana, que tenham muito receio de possíveis efeitos colaterais durante a estimulação ovariana ou do risco de síndrome de hiperestímulo ovariano. Porém, mesmo nestes cenários, não costumamos adotar esta estratégia de rotina, pois um dos maiores objetivos de um tratamento de FIV é ter o melhor número possível de óvulos para otimizarmos as chances de formarmos bons embriões e, consequentemente, aumentarmos as chances do tratamento com o menor número possível de estimulações ovarianas.
Em um tratamento de mini FIV, como a mulher tende a usar menos hormônios, ela pode apresentar menores efeitos colaterais durante a estimulação, bem como pode ter os custos do tratamento reduzidos, a depender da necessidade de medicações para o tratamento.
A decisão de optar por este tratamento deve ser baseada em fatores individuais, como idade, reserva ovariana, histórico de tratamentos anteriores e preferências pessoais. Afinal, é importante lembrar que o caminho dos tratamentos de reprodução assistida deve ser trilhado em conjunto entre médico e paciente, ponderando-se as possíveis rotas a seguir e, escolhendo juntos, a mais apropriada. Por isso, se você acredita que a mini FIV possa ser um procedimento viável para o seu caso, procure um especialista em reprodução assistida para obter orientações detalhadas e personalizadas.
A jornada para a maternidade pode ser desafiadora, mas com as informações e o apoio certos, é possível encontrar o caminho que melhor atende às suas necessidades e expectativas. Não perca a esperança, cada passo dado te deixa mais perto da conquista do sonho de ter um filho.
Glossário:
Aspiração folicular: Procedimento feito por ultrassonografia transvaginal, no qual uma agulha é inserida através da vagina para a punção dos folículos ovarianos e obtenção dos óvulos.
Reserva ovariana: avaliação do “estoque” dos óvulos presentes nos ovários de uma mulher.
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