Receber um diagnóstico de endometriose já não é fácil. Quando ela vem associada a infertilidade, esta situação pode ser ainda mais desgastante para a paciente. Porém, hoje venho te trazer um relato de superação, e quero com ele te relembrar da importância da perseverança, e de que muitas vezes a vitória vem quando menos imaginamos!

A história desse casal é um exemplo para nos lembrar de jamais desistir dos nossos sonhos. Continue lendo!

Em 2020, esse casal passou pela primeira consulta no CEFERP na busca pela maternidade. Na época, ela tinha 41 anos e o diagnóstico de infertilidade foi atribuído à idade e à endometriose, além de um diagnóstico prévio de ovário policístico.

Naquele mesmo ano, eles já haviam passado por uma fertilização in vitro em outra clínica, onde conseguiram formar um embrião em estágio de blastocisto, mas a análise genética veio alterada e, por isso, não chegaram a realizar transferência embrionária.

Após receberem orientações dos possíveis caminhos, eles retomaram as forças depois do primeiro baque e decidiram seguir por uma nova estimulação ovariana. Passamos por um primeiro ciclo desafiador, no qual nenhum óvulo foi coletado. Isso gerou um misto de tristeza e medo, mas eles não se deixaram abalar e seguiram para novo estímulo. Neste, infelizmente, apenas um folículo se desenvolveu e a opção em conjunto foi a de cancelar a estimulação.

Nesse momento, o casal começou a reconsiderar a decisão de tentar com óvulos próprios ou partir para ovodoação, já que ela já tinha passado por três estimulações ao total, e eles ainda não tinham nenhum embrião para transferir. Porém, depois de muito refletirem, optaram por manter o planejamento inicial.

Assim, programamos mais dois ciclos de estimulação, e com eles, finalmente veio a tão esperada recompensa. No primeiro ciclo, conseguiram formar um embrião euploide (com carga genética normal – se você não conhece esse termo, tem artigo no blog para explicar!). No segundo, feito na tentativa de acumular embriões levando em conta as dificuldades que enfrentaram nas outras tentativas, tivemos mais dois euploides. Ao todo, conseguiram três embriões euploides, prontos para a transferência! A angústia foi substituída pelo ânimo para avançarmos a uma nova fase!

O caminho, no entanto, ainda reservava desafios. O resultado da primeira transferência foi negativo, o que gerou uma mistura de frustração e desânimo. Após investigações adicionais e ajustes na estratégia, partiram para uma segunda transferência, que também não trouxe boas notícias. Nesse momento, restava apenas um embrião euploide.

No meio do caminho também surgiram outras questões, como uma infecção urinária que atrasou os preparativos, e chegaram a reconsiderar a opção de utilizar óvulos doados, por já terem feito duas transferências sem sucesso, e o embrião que restava congelado ter uma qualidade inferior aos demais embriões. De toda forma, decidiram dar uma última chance ao embrião próprio, e seguiram com a terceira transferência.

Para nossa alegria: um positivo maravilhoso chegou! Estava no último embrião, que hoje já é uma princesa linda!

Essa história é um lembrete do que eu costumo dizer para as minhas pacientes: você só precisa de UM embriãozinho! E outro ponto importante: não podemos rotular o embrião baseado na qualidade!

Essa jornada não foi fácil. Surgiram momentos de dúvida, de medo e de incertezas, mas em nenhum momento eles deixaram de acreditar que o seu final feliz estava chegando. Mesmo quando as coisas não saem como planejamos, é preciso ajustar o curso e seguir em frente, com muita fé e perseverança!

Compartilhe esta história para espalhar motivação no universo das tentantes!

Glossário:

• Endometriose: Condição em que o tecido que reveste o interior do útero (o endométrio) cresce fora dele, podendo causar dor, distorções da anatomia e, em alguns casos, infertilidade.
• Síndrome dos ovários policísticos: Distúrbio hormonal que pode estar associado a ciclos menstruais irregulares, crescimento excessivo de pelos, alterações metabólicas e ovários aumentados contendo múltiplos folículos.
• Blastocisto: Estágio do embrião, geralmente alcançado cinco a sete dias após a fertilização, quando está pronto para a implantação no útero.
• Análise genética: Teste que pode ser realizado no embrião antes da transferência para o útero, a fim de detectar anomalias genéticas.
• Folículo: Estrutura no ovário que contém o óvulo em desenvolvimento.
• Ovodoação: Processo pelo qual uma mulher usa óvulos doados por outra mulher para conseguir engravidar.