Mulher segurando o teste de gravidez negativo.

Entendendo a falha de implantação: por que isso acontece?

A jornada em busca da gravidez pode ser cheia de esperança, mas também de desafios. Dentre esses desafios, a falha de implantação é uma das situações mais complexas e frustrantes que alguns casais enfrentam.

Neste artigo, vamos mergulhar mais fundo nesse tema para entender um pouco mais dos fatores que interferem para que um embrião não se implante no útero.

O que é a falha de implantação?

Quando mencionamos a falha de implantação do ponto de vista técnico, ela é um conceito definido para pacientes em tratamento de fertilização in vitro (FIV). Para entendermos melhor este conceito, é importante nos lembrarmos inicialmente das chances de sucesso e possíveis limitações de um tratamento de FIV.

Isso porque, do ponto de vista científico, definimos como falha de implantação o insucesso após algumas transferências de embrião – o número exato de transferências ainda é fonte de muito debate, pois muitos autores levam em consideração fatores como idade da mulher, qualidade e quantidade de embriões, dentre outras questões, para definir o critério de falha de implantação.

Portanto, o conceito técnico de falha de implantação envolve mais de uma tentativa sem sucesso. É importante entendermos esta definição, para não confundirmos com uma falha “isolada” em um tratamento. Essa diferenciação nos ajuda a colocar na balança o melhor momento e quais as possíveis estratégias e investigações a serem propostas em cada caso.

Quais as possíveis causas?

Quando falamos nas falhas do tratamento, como vimos anteriormente, precisamos nos lembrar inicialmente das chances de sucesso. É importante frisarmos essa questão porque, por mais que tenhamos ótimos marcadores do ponto de vista embrionário e endometrial, ainda há muito por se conhecer do potencial embrionário e interação entre embrião e endométrio, fazendo com que o tratamento ainda apresente limitações em suas chances.

Outro ponto importante a ser lembrado é que a fertilidade humana, por si só, tem limitações, especialmente pelo potencial dos embriões que tendemos a formar. Estima-se que dos 26 aos 30 anos, a chance de um casal engravidar espontaneamente seja em torno de 15-20% ao mês. Este percentual cai para em torno de 4% ao mês após os 40 anos, primordialmente pelo impacto da idade da mulher e qualidade dos óvulos.

Portanto, ao nos depararmos com um teste de gravidez negativo, o fator embrionário tende a representar a causa mais importante de falha, principalmente por possíveis limitações genéticas ou celulares para continuidade do desenvolvimento.

Embriões com anormalidades cromossômicas podem não se desenvolver de maneira adequada ou podem enfrentar dificuldades para se implantar e continuarem seu desenvolvimento no útero.

Outros pontos também podem ser avaliados diante de um cenário de falha de implantação, como fatores anatômicos e outras alterações endometriais (rastreamento de hidrossalpinge, adenomiose, endometriose, endometrite, pólipos, miomas, etc.), que podem criar um ambiente menos favorável para a implantação embrionária.

Existem ainda outras causas discutidas como alterações de coagulação, alterações de receptividade endometrial, fatores imunológicos, dentre outros. Porém, para muitos dos fatores mencionados ainda há muita controvérsia em qual a melhor forma de pesquisá-los e tratá-los, e qual o possível real benefício em fazer estas abordagens.

Quais caminhos podemos seguir?

Assim como não há uma padronização de exames obrigatórios para investigação da falha de implantação, não há uma conduta preconizada para todos os casos, devendo esta decisão sempre ser tomada de forma individualizada e em conjunto com a paciente/casal.

Independentemente do caminho escolhido, alguns fatores devem sempre ser orientados quando há programação de gestação, espontânea ou por tratamento, como o controle dos hábitos de vida, com uma alimentação adequada e atividade física, manutenção de peso adequado, evitar excesso de álcool ou tabagismo, etc. Estas medidas, além de poderem otimizar a saúde e, consequentemente a fertilidade, podem trazer outros benefícios como bem-estar geral e controle da ansiedade e estresse durante o tratamento.

Podem também ser discutidas questões como análise genética embrionária, cultivo embrionário até o estágio de blastocisto, ajuste de protocolos de estimulação e/ou preparo para transferência embrionária, dentre outras questões.

O mais importante é que esta abordagem seja transparente com o casal na escolha pelo melhor caminho, visto que hoje em dia existem diversos exames e estratégias propostas como formas de otimizar o sucesso, mas ainda carecem de evidências científicas de benefício.

Sei que é frustrante lidar com as falhas no tratamento e muitas incertezas quanto a possíveis causas, por isso, o acolhimento diante do insucesso associado a uma conversa franca e transparente com seu médico pode auxiliar a compreender melhor estes fatores, acalmar o coração e traçar juntos a melhor estratégia para seguir! Precisamos lembrar que a melhor forma de aumentar a nossa chance é nos permitindo prosseguir com as tentativas, dando a chance de novos embriões, com novos patrimônios genéticos, chegarem ao útero. Estar fortalecida mesmo diante das adversidades ao longo do tratamento vai ser uma das ferramentas mais importantes para se permitir prosseguir!

Compreender melhor o processo da fertilidade humana e do tratamento nos permite enxergar este caminho de forma mais leve, com menos culpa e sensação de controle, e desta forma nos permite ir além nas tentativas! Como gosto sempre de dizer, o importante é termos o coração em paz de estarmos fazendo o que está ao nosso alcance da melhor forma possível!

Que este pensamento possa ajudar quem está nessa caminhada de tentativas! Conte comigo!

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Uma resposta para “Entendendo a falha de implantação: por que isso acontece?”

  1. […] se formam, eles estão prontos para serem transferidos ao útero, com o objetivo de que consigam implantar para estabelecer uma gestação […]

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